quinta-feira, 21 de maio de 2009

UMA VERDADE CONTUNDENTE

Marx, mais do que qualquer outro pensador da sua geração, era um conhecedor de contradições e paradoxos – pois eram essas mesmas contradições que garantiam o fim do capitalismo.
“Há uma verdade característica do nosso XIX século, uma verdade que nenhum partido ousa negar”, disse em Abril de 1856 no decorrer de um jantar em Londres para festejar o quarto aniversário do People’s Paper. “Por um lado, foram iniciadas forças científicas e industriais que nenhuma outra época da história humana jamais suspeitou, e, por outro, existem sintomas de decadência que ultrapassam o horror dos últimos anos do Império Romano. Nos nossos dias, tudo parece estar prenhe do seu contrario.”
A maquinaria (tecnologia), abençoada com o poder de encurtar e frutificar o labor das pessoas, tem-nas esfomeado e extenuado, desde então. Por alquimia inversa, as novas fontes de riqueza tem-nas tornado em fontes de miséria. Os Estados Unidos e seu capitalismo – a sociedade mais moderna e rica do mundo – é também a que está mais perto da sua destruição. A história é juiz – e o seu carrasco, o proletariado.
E agora olhando ao espelho, falo para “ti” que estás aí do lado que reflecte a luz.
- Estou mesmo satisfeito pelo isolamento do público em que nós dois, tu e eu, agora nos encontramos. Está totalmente em conformidade com a nossa atitude e os nossos princípios. O sistema de concessões mútuas e meias medidas toleradas em nome da decência, e a obrigação de suportar da parte do ridículo público num partido juntamente com estes asnos acabou... Já não vejo ninguém aqui e estou completamente retirado partidariamente.
E o reflexo do espelho responde-me:
- Também acho a inépcia e falta de tacto da parte dos partidos mais irritante do que tudo. Tenho, finalmente, a oportunidade – pela primeira vez há séculos – de provar que não precisamos de popularidade nem de apoio de nenhum partido em nenhum pais, e a nossa posição é totalmente independente dessas ridículas bagatelas. A partir de agora, somos apenas responsáveis por nós mesmos e, quando chegar a altura dessa gentalha necessitar de nós, estaremos em posição de ditar os nossos termos. Até lá, beneficiaremos, pelo menos, de um pouco de paz e sossego... Como é que pessoas como nós que fogem de eventos públicos como da “peste”, cabemos num “partido?” E o que é que nós, que cuspimos na popularidade e não sabemos onde nos meter quando somos populares, temos a ver com um “partido, um rebanho de asnos que juram por nós porque pensam que somos da mesma espécie que eles?” Não se perde realmente grande coisa se já formos tidos como a “expressão adequada e correcta dos cretinos com quem nos temos dado nos últimos anos”.
O sufrágio cada vez mais será “claro”, o não partidário.

1 comentário:

Haddock disse...

não sei se "a democracia é o pior sistema, com excepção de todos os outros", mas chocam a evidência e o estrondo com que esta III república bateu no fundo e muito graças à desprezível e vomitante lógica partidária.

pela república e (ainda) pela democracia, contra os bandalhos, marchar, marchar!!